segunda-feira, 4 de maio de 2009

Nós e os Peludos (os cachorros).Jornal Estilo Campinas-Abril/2009

HUMANOS E CÃES: UMA RELAÇÃO TÃO DELICADA
Saúde física do cão esta intimamente ligada á emocional.

Por Leila de Oliveira
leila@estilocampinas.com.

A maneira como seres humanos e cães se relacionam é resultado de cerca de doze mil anos de convivência, observações e aprendizados mútuos. Apesar de conviver com outras espécies de animais domésticos, a forma como desenvolvemos sentimentos tão similares com outros humanos, no caso dos cães, intriga psicólogos e cientistas evolucionistas.
Para os cachorros, as vantagens desta aproximação foram imensas, principalmente se os peludos pudessem saber das condições de vida de seus parentes lobos nas florestas, cada vez mais degradadas em todo o mundo. Com cerca de 30 milhões de cães, o Brasil é o país com a segunda maior população canina no mundo , ficando atrás dos Estados Unidos, com 61 milhões. O assunto rende também na esfera econômica do setor, um mercado que movimenta, por ano, cerca de 1,5 bilhões de reais. Segundo pesquisas da ACNielsen, cada brasileiro gasta, em média, cerca de R$ 380,00 por ano com animais domésticos.
Os resultados positivos da interação entre cachorros e humanos são reconhecidos, inclusive, por psicólogos e médicos de outras áreas,que afirmam haver melhoras e amenização dos sintomas nos casos de depressão, hipertensão e estresse.
Há estudos que apontam que a relação emocional com os cães pode ser considerada como substituta àquelas que se têm com um cônjuge ou com os próprios filhos, e essa questão emocional é outro fator curioso para os estudiosos do assunto
Casos em que o cachorro somatiza, através de doenças o estado emocional do dono ou dos que convivem com eles chamam a atenção sobre o assunto. Segundo a médica veterinária Silvia Cristina Hernandes de Paula Menosse, fatores emocionais interferem diretamente na saúde física do animal.Os casos ocorrem quando há alteração de comportamento dos donos, ou no dia a dia da casa. Ela explica que é natural essa percepção, pelo animal, das questões emocionais sobre seu dono ou alguém de quem o cachorro seja próximo. “A maneira de criar cães é muito diferente de antigamente. A convivência, principalmente em apartamentos, favorece uma proximidade que faz com que o cão seja inserido no contexto familiar num âmbito que sobrepõe a relação sadia homem-animal” – explica.
Na companhia de Théo, um Lhasa -Apso de 3,5 anos, Rosangela Nogueira conta que o cachorro demonstra perceber qualquer alteração de rotina em sua casa.
“Se pela manhã eu me levanto mais tarde, se altero minha voz ou mudo hábitos simples, como substituir a sandália que utilizo para levá-lo para passear, ele sinaliza com latidos, choros, ou me encara de forma insistente, como que em busca da volta da rotina a qual está acostumado”conta.
O relato confere com os traços da personalidade da raça.Tido como um bom cão de guarda e companhia,o Lhasa-apso costuma ter temperamento volúvel, e é muito atento ás mudanças do ambiente em que vive.
Segundo a médica veterinária, quem tem cachorro em casa deve se atentar para algumas situações, como a de não deixar, sozinho em casa,por longas horas,um cachorro que não esteja habituado; evitar a proximidade excessiva, de forma a estimular a independência do cão, além de promover seu convívio com outros animais.
A médica explica que nenhum fator é tão traumático para o cão quanto a ausência repentina de seu dono ou de pessoa muito próxima “A saúde física do cachorro tem relação com sua saúde emocional, que por sua vez esta diretamente ligada aos laços e rotinas de pessoas da casa”.
Os primeiros sinais de que algo não vai bem são falta de apetite, apatia ou sono em excesso, e movimentos de auto mutilação – como lamber uma parte do corpo ou coçar-se repetidas vezes – o que pode causar feridas, além de outros problemas dermatológicos – “Numa consulta, sempre procuro saber se houve mudanças drásticas de comportamento na casa, pois se o problema tem origem emocional, o tratamento deve ser duplo e diferenciado. Segundo a médica, se o diagnóstico não for correto, há grandes chances de o animal voltar a apresentar o problema.
Proprietária do Pet Shop Recãonto, no Cambuí, e de um Hotel para cães, Luciana Faria de Oliveira está acostumada a receber donos de cachorros preocupados com a saúde emocional do bicho.
“Funcionamos como uma creche, onde facilitamos a interação entre os cachorros, criamos um ambiente onde se sintam a vontade, para que se distraiam de situações adversas que possam estar vivendo ou apenas descansem e tenham companhia, enquanto o dono trabalha ou precisa se ausentar, por exemplo.
A medida é recomendada pela veterinária Silvia “Apesar desta relação ser tão próxima, cachorro tem que ser cachorro – se não há tempo para o passeio e convivência com outros, os Pet Shops que funcionam como creche são boas opções de distração e muito importantes para os casos em que o dono precisa se ausentar e não há disponível outro familiar próximo do animal”- recomenda.
A rotina de passeio recomendada pela médica é uma constante na vida de Dolli, uma Fox paulistinha que há 13 anos faz parte da família da Advogada e Doutora em engenharia agrícola Raquel Baracat.
Porém, os cuidados não impediram que a cachorra apresentasse quadros de ansiedade e stress agudo, quando a família se mudou de uma casa para o apartamento onde moram: “Nas primeiras semanas na nova casa, ela se recusava a comer corretamente, latia muito, se coçava e os olhos apresentaram uma vermelhidão incomum” – conta Raquel, que, orientada por uma médica homeopata, conseguiu acalmar Dolli ao medicá-la com Florais de Bach durante dois meses.
Mas como evitar que as mudanças de rotina – tão comuns a qualquer lar hoje em dia, afetem a saúde do animal?
Manter uma rotina de passeio, para que o bicho conviva com outros cachorros, além de estabelecer limites na convivência, que diminuam a dependência de carinho e atenção do dono, são atitudes que estimulam a auto-defesa e reforçam a identidade do animal.
A médica veterinária também chama a atenção para o assunto castração: “Se o dono não tem intenção de cruzar o animal,é importante que ele castre o macho ou fêmea- diz.
Ela recomenda o procedimento de forma a evitar doenças futuras – tumor de mama e câncer de útero nas fêmeas, e problemas decorrentes de estresse nos machos.
“Nos casos de fêmeas, castrá-las antes do primeiro ciclo reduz as chances de incidência de cânceres em até 95%” - afirma.

Um comentário:

  1. Encontrei a reportagem feita com meu "dog", diretamente da Inglaterra, obrigada pela oportunidade....minha cachorrinha infelizmente morreu, mas fica aqui registrado para sempre meu carinho por bichinhos tão amigos e fiéis...bjus! Raquel Baracat

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