SOBRAPAR: Dr. Cássio Eduardo Raposo do Amaral

Cidadania

Sobrapar: A face da solidariedade.

Por Leila de Oliveira
leila@estilocampinas.com

“Ao fazer o bem, você também é ajudado”. A frase é simples, mas é a que o cirurgião plástico, Dr. Cássio Eduardo Raposo do Amaral, utiliza para resumir sua rotina como voluntário na Sobrapar -Sociedade Brasileira de Pesquisa e Assistência para Reabilitação Craniofacial, em Campinas. Formado em medicina pela Universidade de São Francisco, ele fez residência emCirurgia Plástica na Unicamp e foi aluno dos médicos Joseph G.McCarthy, na New YorkUniversity School of Medicine, e Henry Kawamoto, na University Califórnia Los Angeles. Ambos são referências mundiais em cirurgia plástica craniofacial. No comando da vice-presidência da instituição, fundada por seu pai, Dr. Cássio Raposo do Amaral, e sua mãe, a psicóloga, Vera Lucia Raposo do Amaral - atual gestora - o jovem de 33 anos está à frente da equipe médica do hospital, composta por 100 pessoas, entre eles, César Augusto Raposo do Amaral, o irmão mais novo, também médico. Fundada em 1979, a Sobrapar, é referencia dentro e fora do País em cirurgias de deformidade crâniofaciais e fissuras de lábios palatinas, e realiza, de forma gratuita, cerca de 20 mil atendimentos por ano, sendo que 1.200 cirurgias são realizadas em pacientes carentes de todas as regiões do Brasil. Construída numa área de dois mil e trezentos metros quadrados, o local conta com ampla infra-estrutura, direcionada, sobretudo, às crianças que compõem o maior número de pacientes. A fissura lábio palatina, popularmente conhecida como lábio leporino, atinge uma em cada 650 crianças nascidas vivas, e sua causa pode ser conseqüência de uma alteração genética ou mesmo fatores externos, entre eles, o cigarro, bebidas alcoólicas, doenças infecciosas e raio-X na região abdominal. Conviver com esta deformidade na face constitui uma enorme barreira social que prejudica o desenvolvimento da criança, alem de danos à saúde. Doenças como otite e pneumonia são comuns nestes casos em função das dificuldades em aspirar ao alimento. O problema pode ser mais sério em bebês que nascem com lábio leporino, já que a deformidade no lábio e céu da boca impossibilita a amamentação. A Sobrapar realiza cinco cirurgias por dia em crianças a partir dos três meses.O trabalho realizado ao longo dos anos pelo Dr. Cássio fez com que o hospital seja atualmente o mais completo centro neste tipo de tratamento do País, e receba médicos de todas as partes do mundo, que visitam o local em busca de aprimoramento profissional e para conhecer as técnicas e métodos de cirurgias únicos no mundo, desenvolvidas pelo fundador. A responsabilidade de estar no comando da Sobrapar e dar seguimento ao legado deixado pelo pai parece não intimidar o Dr. Cássio: “Provavelmente eu seja o cirurgião mais jovem no mundo a realizar este tipo de cirurgia, mas meu caminho na medicina ocorreu de forma natural-explica. “Sempre acompanhei meu pai nas cirurgias, e orientado por ele, fiz os cursos necessários. Para mim esta área da medicina é desafiadora e fascinante”, conta o médico. Em contato com os pacientes, é possível perceber, através de suas historias, que a incidência da doença coincide com questões sociais, como pobreza, e, em alguns casos, violência, mas a delicadeza nas palavras do cirurgião plástico, polidez nos gestos, determinação e paixão pelo trabalho que faz, parecem estar na contramão da realidade que lida diariamente. Não se nota a costumeira combinação de cansaço, impaciência e resignação que acometem alguns profissionais da área filantrópica. Em busca de respostas, questiono sobre suas motivações: “A vida é um ponto de interrogação. Nunca sabemos o que vamos encontrar; portanto, se você ajuda, também será ajudado. É o ciclo natural da vida. É gratificante sentir a empatia que as crianças têm por mim, mesmo as amedrontadas pelo ambiente hospitalar. Elas ficam tranqüilas na minha presença. Receber um sorriso, ver um paciente retomar sua vida social após uma correção craniofacial e sentir que estou fazendo a diferença, são respostas positivas, que estão acima de qualquer situação ruim que faça parte deste processo”. diz. A vida pode ser um ponto de interrogação, mas mesmo neste cenário de dúvidas, uma certeza já é possível: a de que o futuro dos brasileiros portadores deste tipo de deficiência está em boas mãos.
Para maiores informações sobre a Sobraparwww.sobrapar.org.brTel (19) 3749 97 00