sexta-feira, 7 de agosto de 2009

GUARDIÕES DA SAUDADE - Jornal Estilo Campinas- Ag/09

Seresteiros de Sousas, grupo com mais de 60 anos de formação, simbolizam a resistência e força de um ritmo cuja trajetória está ligada a importantes períodos da história do País.

Por Leila de Oliveira
leila@estilocampinas.com

No início, eram os Saraus , movimento artístico - cultural promovido pelas famílias abastadas das principais cidades do país, por volta do ano de 1870,que contavam com apresentações de recitais e musicas. Nessas reuniões, o piano era o principal instrumento para as melodias, á despeito do violão, considerado artefato de músicos do baixo clero.Apesar de cultuado, aos poucos o ritual foi perdendo espaço para a Serenata – nome dado ao ato de cantar canções de caráter sentimental pelas ruas, em geral a noite, sob sereno. Cultura de origem Portuguesa, com relatos de manifestações ainda em 1500, a serenata passou a fazer parte do cenário nacional, segundo publicações sobre o assunto, a partir da cidade do Rio de Janeiro, e aos poucos, foi incorporada também aos costumes da elite da cidade.
Se a Serenata redesenhou os domínios do Sarau, como definir uma nova agitação cultural,surgida no início do século XX, síncope destes dois movimentos? Um dos integrantes do grupo Seresteiros de Sousas,Carlos Bonavita,dá a resposta:
“A seresta está ligada á celebrar a saudade, e seus adeptos tem em comum o gosto por relembrar as melodias deste passado saudoso”.
O nome Seresteiros de Sousas, é devido ao local de residência de seus integrantes, e explicita a despretensão de seus integrantes, quando da formação do grupo, há cerca de 60 anos.
“O objetivo era recordar e reverenciar o ritmo símbolo de nostalgia de uma época”explica José Stefano Anderi, o Zezinho do Bandolin, um dos primeiros integrantes do grupo “A Seresta tem conceito saudosista. Os ritmos são a valsa, o samba canção, com sucessos de grandes compositores, como Pixinguinha e Cartola”diz.
Desde o início, cada um dos 14 membros da formação original optaram por conciliar suas atividades profissionais com o ofício de músico, cuidado que não impossibilitava as apresentações no bairro e em cidades da região em quase todos os finais de semana.
Com o passar dos anos, a enxurrada de novos ritmos e falta de incentivo cultural fizeram rarear novos adeptos das serestas, bem como - reflexo dos novos tempos - impossibilitaram as apresentações nas ruas durante a noite. Os encontros, salvo raríssimas exceções, hoje se restringem a privilegiados grupos de amigos do integrantes,e em ocasiões especiais, como aniversários.
Da formação original, com 14 integrantes, o grupo conta com 10 músicos, alguns oriundos tempos depois de seu início. Em comum, no entanto, o principal combustível para a manutenção do grupo: o gosto e paixão pelo estilo saudosista e único da seresta.



Mais informações sobre o grupo e quadro completo de seus integrantes pelo site:
www.seresteirosdesousas.com.br

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